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O que está por trás de “Paris Sneaker”, o novo tênis da Balenciaga?

Tênis “Paris Sneaker”. Foto: Reprodução

No início deste mês de maio a grife Balenciaga chamou bastante atenção na internet após o anúncio da pré-venda do tênis “Paris Sneaker”. O motivo de toda a repercussão é que o calçado em questão, de estética “Destroyed”, tem a desagradável aparência de estar totalmente sujo e destruído.

Antes de seguir com o texto, cabe aqui um breve parêntese: a estética “Destroyed” não é exatamente uma novidade. Para exemplificar isso, vale citar que além da própria Balenciaga, a Comme des Garçons, sob o comando de Rei Kawakubo, apresentou, em 1982, a coleção “Destroy” com vestidos nos quais havia furos.

Look da coleção Destroy, apresentada em 1982, pela Comme des Garçons. Foto: Reprodução

Voltando à Balenciaga, fica o questionamento acerca do que teria levado uma grife de luxo a vender um tênis de aspecto destruído ao valor de aproximadamente R$ 10 mil. A resposta para a pergunta tem nome e sobrenome: Demna Gvasalia, diretor criativo da grife desde 2015 e conhecido por prezar pela inovação e fugir dos padrões estéticos, pilares da marca desde que ela foi criada, em 1917, pelo espanhol Cristóbal Balenciaga.

Refugiado da Geórgia em 1993, com apenas 12 anos de idade, devido à guerra civil, ele partiu do seu país natal rumo à Alemanha. A experiência vivida no refúgio moldou sua personalidade e se reflete até hoje em suas coleções. Em março deste ano, em sua coleção apresentada na Semana de Moda de Paris, Gvasalia aludiu à guerra na Ucrânia, homenageando os refugiados daquele país.

Demna Gvasalia, atuar diretor criativo da Balenciaga. Foto: Getty Images

“Sinto que meu desafio e responsabilidade como designer hoje é questionar o que é beleza”, disse ele sobre a sua coleção em entrevista à Interview. “Sou um refugiado. Precisei buscar beleza em tudo”, finalizou.

Assim, pelas mãos de Gvasalia, o lançamento de um tênis que mais parece ter saído de um lixão, segue o mesmo caminho de rompimento com a estética vigente e assegura o posto alcançado pela Balenciaga entre as marcas mais poderosas do mundo. Para se ter uma ideia de tal poder, vale citar que, de acordo com o The List Index, ranking trimestral das marcas e produtos mais populares da moda, a receita da Balenciaga em 2019 ultrapassou a marca de 1 bilhão de euros, ficando entre as três mais em alta.

O segredo para tal sucesso, entre outros pontos, está na comunicação que a grife tem conseguido manter, sobretudo com os ‘millennialls’ ou a ‘Geração Z’ os quais representam cerca de 65% dos clientes da Balenciaga. Ao dialogar com esse público e ao provocá-lo, as criações do estilista constantemente se tornam virais e acabam se tornando itens de desejo.

“A geração mais jovem é muito informada e politizada. E acho que é hora do ativismo e das pessoas se levantarem”, disse o estilista ao Financial Times.

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