Personalidades

Kim Jones, designer da Dior, diz que “vivemos numa bolha”

Kim Jones, atual estilista da Dior. Foto: Nikolai von Bismarck.

Buscando dar mais um passo na ruptura das fronteiras de gênero na moda, o atual designer da Maison Dior, Kim Jones, levou às passarelas de inverno 2022, durante a última semana de moda masculina de Paris, uma coleção cheia de detalhes que remetiam ao guarda-roupas feminino a partir de uma revisita à silhueta do New Look, estilo eternizado por Christian Dior em 1947.

Bordados com lantejoulas, casacos amarrados à cintura, generosas calças largas, blusas com abertura vertical nas costas, enfim, não faltaram referências à quebra de paradigmas acerca das roupas masculinas.

“Vivemos em cidades incrivelmente abertas, mas assim que saímos às ruas não é a mesma coisa”, disse o estilista em entrevista à Agência France-Presse (AFP).

“Há quarenta países no mundo em que se saíres à rua assim [vestido], te matam”, acrescentou ele descrevendo o seu desejo de vestir os homens de forma diferente, mais feminina.

Looks da coleção masculina inverno/2022 da Dior. Fotos: Reprodução.

Atualmente com 48 anos de idade, Jones cresceu viajando com o seu pai. Essa experiência o deu uma visão pragmática do mundo real em comparação com a espetacularidade das passarelas.

“Tenho sorte, cresci a viajar pelo mundo, então vi de tudo e entendo que vivemos numa bolha”, falou à AFP.

SOBRE O DESIGNER

Nascido em 11 de setembro de 1973, em Hammersmith, Londres, Kim Jones formou-se em Moda pela Central Saint Martins. Considerado um dos estilistas de moda masculina mais festejados de sua geração, ele fez história por seu pioneirismo em levar códigos do streetwear para a moda de luxo.

Após sete anos como diretor de moda masculina da Louis Vuitton, há três ele ocupa o posto de diretor artístico das criações masculinas da Dior. Desde setembro de 2020 ele passou a aliar o seu trabalho na Dior com a linha feminina e alta costura para a italiana Fendi.

“Agora que faço coleções femininas, percebo os limites da linha masculina. As roupas masculinas não mudaram muito desde a década de 1940”, disse ele, acrescentando que entre as suas prioridades atuais está a busca por deixar os modelos clássicos da Dior mais confortáveis, sobretudo nestes tempos de pandemia.

“O que as pessoas querem agora é conforto: eu vejo isso através das vendas, quando falo com os clientes, em todos os lugares”, finalizou.

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